‘Nunca vimos nada parecido’: o estudante que descobriu objeto enigmático na Via Láctea
4 min read- Fernando Duarte
- Do Serviço Mundial da BBC
Quando Tyrone O’Doherty entrou para o Centro Internacional de Pesquisa de Radioastronomia da Austrália (ICRAR, na sigla em inglês), como estudante de graduação, seu objetivo principal era projetar um programa de computador que ajudasse no.
Em vez disso, em novembro de 2020, ele se deparou com um objeto giratório não identificado em nossa galáxia, a Via Láctea. A descoberta, seguida por muitos meses de checagens, foi finalmente anunciada em janeiro deste ano, em um estudo publicado no periódico científico Nature.
“Eu estava apenas tentando escrever códigos e não esperava me deparar com algo tão empolgante”, diz O’Doherty, de 22 anos, à BBC.
“Não há nada conhecido no céu que faça o que ele (objeto) faz. E ele também me ajudou a me formar (a universidade) com honras. Então não posso reclamar”, brinca o jovem.
Objetos transitórios
O’Doherty, que mora em Perth (Austrália), explica que estava disposto a desenvolver uma técnica que detectasse o que astrônomos chamam de “transitórios”, objetos no espaço que parecem “ligar e desligar”.
Ele tinha uma lista de objetos possíveis, mas não havia encontrado nenhum até então.
Mas acabou, inadvertidamente, identificando algo que a equipe do ICRAR diz ser “diferente de qualquer outra coisa que já vimos antes”, e uma descoberta “assustadora” para um astrônomo.
O’Doherty conta à BBC o que se sabe até agora sobre esse enigmático objeto.
O que é?
Segundo o jovem cientista, que tinha apenas 20 anos à época de sua descoberta, há duas teorias sobre o que esse objeto pode ser.
A primeira é que seja uma estrela anã branca – termo usado para descrever os resíduos de uma estrela que colapsa. A segunda é que seja uma magnetar, um tipo de estrela de nêutrons que acredita-se que tenha um campo magnético extremamente poderoso.
Mas a forma como o objeto se comporta, diz O’Doherty, deixa os astrônomos intrigados.
O objeto libera uma enorme carga de energia por um minuto completo, a cada 18 minutos.
Objetos que pulsam energia são relativamente comuns no Universo, mas é altamente incomum o fato de que ele permaneça pulsando durante um minuto inteiro.
“O tempo entre cada pulsada também é muito estranho”, agrega O’Doherty.
Sendo assim, pode se tratar de um corpo celestial completamente novo.
O objeto pode trazer perigo à Terra?
O’Doherty admite que as circunstâncias da descoberta podem trazer à tona comparações com o filme satírico Não Olhe para Cimarecém-lançado na plataforma Netflix, no qual uma jovem astrônoma descobre um cometa em rota de colisão com a Terra.
Mas os paralelos param aí, diz o cientista.
“Não há nenhum perigo de esse objeto nos atingir e não há motivo para preocupação”, explica.
O’Doherty afirma também que o misterioso objeto está localizado a cerca de 4 mil anos-luz de distância.
“Um ano-luz é a distância que a luz consegue viajar em um ano, ea velocidade da luz é a mais rápida em que é possível viajar no Universo”, detalha O’Doherty.
“Esse objeto não vai viajar a uma velocidade que não chega nem perto à velocidade da luz.”
Pode ser um alienígena?
“Inicialmente, é muito válido se perguntar se ele pode ser um alienígena”, afirma o cientista.
O astrônomo diz que um sinal de rádio que se repita após a mesma quantidade de tempo na mesma frequência é “muito reminiscente do que esperamos ver de aliens”.
Tanto que, ressalta ele, o famoso projeto busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês) está rastrando o Universo em busca de exatamente esse tipo de sinal.
Infelizmente, porém, para os interessados em vida extraterrestre, O’Doherty afirma que uma análise mais detalhada do objeto misterioso na Via Láctea “deixou claro” que não se trata de um alien.
Primeiro, o sinal detectado “ao longo de uma ampla variação de frequências” não indica se tratar de uma inteligência extraterrestre; em segundo lugar, a energia exigida para produzir um sinal como o detectado pelo objeto misterioso é algo que “apenas uma fonte natural poderia produzir”.
Além disso, não havia nenhum conteúdo no sinal recebido.
“Então posso confirmar que o sinal não veio de aliens.”
Por que a descoberta animou tanto os astrônomos?
O’Doherty diz que qualquer coisa inesperada costuma causar rebuliço no meio astronômico.
E esse objeto sem dúvida é inesperado.
“Ele parece girar muito mais lentamente do que uma típica estrela de nêutron”, explica.
“Ninguém sabe exatamente o que é, então se torna algo empolgante.”
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